quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Olavo em Família

"A família é um lugar de amor, compreensão e ajuda mútua, não uma fábrica de gente bem comportadinha. O fato é que nunca tive uma discussão azeda com qualquer dos meus filhos. Simplesmente nunca."
"O que sempre ensinei aos meus filhos foi : 'Deus te deu um pai para te ajudar, não para te encher o saco'."
"Posso ter sido um pouco severo com os filhos mais velhos, mas logo aprendi que não é o certo."
"Também acho uma bobagem essa coisa de 'pai amigo'. Pai é pai, é o sujeito a quem você recorre na hora do aperto com a certeza de não ser deixado na mão, não um pateta da sua idade que joga futebol e toma uma cervejinha com você e depois lhe vira as costas quando você pede um dinheiro emprestado."
"Nunca na minha vida torrei o saco de um filho meu com aquela coisa de 'Porra, você nunca vem me visitar'."
"Aristóteles foi excelente pai de família. É o exemplo máximo."
"... se conheço meu pai, ele diria: 'ô filha, que bom, mais um netinho, família tem que ser grande', e aguentaria infinitamente o vagabundo. Meu pai é o contrário do 'chefe de máfia'." (Luiz Gonzaga, filho do Prof. Olavo)
"Gugu, obrigado pelo depoimento que, vindo dessa fonte, vale por mil."


As obrigações de um pai na educação dos filhos são: 
(1) Dar o exemplo e não exigir que o sigam com perfeição; 
(2) Ser gentil sempre, para que aprendam a ser gentis. Não gritar, para que não aprendam a gritar. 
(3) Protegê-los, de preferência sem que eles percebam. 
(4) Guardar uma certa distância, uma atitude de dignidade, não só para impor respeito, e sim também para lhes dar espaço de viver suas próprias vidas, mas estar sempre à disposição deles quando o procuram. 
(5) Compreender que você está aí para amá-los, e não para fazer deles a imagem de tudo o que você não conseguiu ser. 
(6) Quando pedem alguma coisa, dar a mais.
(7) Perdoar sempre e sem demora. Isso funciona.

Fonte: Esses trechos foram retirados de sua página no facebook

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

A primeira janelinha de Clara


          Hoje, dia 28 de janeiro de 2014, Clara perdeu seu primeiro dentinho e, contrariando à maioria, não foi o 71 ou o 81, mas o 61 :D





cai um dente, vai-se um mundo
finda uma bela viagem
passa o velho, vem o novo:
é um rito de passagem!

Carta aberta

Hoje é dia de São Sebastião. Há dezoito anos atrás encontrei aquela por quem meu coração bate. Não há como não dizer que foi ela que me ensinou a ser o homem que sou hoje. Ao seu lado aprendi a rezar, a perdoar, a pedir desculpas, a chorar na frente de uma mulher, a me sacrificar. Com ela vivi os momentos mais difíceis da vida e aqueles em que a felicidade era tão indizível que transbordava silenciosa. Ela me deu tudo o que tenho e deu a si mesma. E deu sentido à minha vida. E me deu família. Me deu lar, me deu casa. Me deu um lar onde pudesse retornar todos os dias: seus braços. Chegar em casa é chegar em seus braços.Ela me fez sentir o carinho e o amor que nenhum outro homem no mundo sentiu. Me fez ficar perplexo diante do mistério de uma mulher. Me fez ficar dias e noites tentando compreender o que se passava em sua cabeça. Me fez tentar montar o quebra-cabeças indecifrável que é um homem se esforçar para entender uma mulher. E me faz aceitar que jamais a compreenderei por inteiro e que basta saber que o seu amor é garantido para sempre. Ela me deu filhos. E esse é um capítulo maior de nossa história. Depois dos filhos nada mais seria como antes. A Janine mãe, foi outro ser que emergiu da profundidade da dor e da alegria secreta de ser mãe. E é uma mãe como poucas, mãe como o mundo parece começar a se esquecer que existe. Mãe das entranhas. Daquelas que sangram e dão o que não têm porque sabem que a graça de ser mãe de verdade só pode vir do Céu para aquelas que já esgotaram suas forças na terra.Ela me deu filhos que o tempo todo testemunham que jamais ficaremos distantes um do outro nesse mundo. Meu deu João, me deu Clara. Me deu uma família para que o suor, o sangue e a lágrima de cada dia tivessem sentido. Nenhum segundo de dor é vão para quem tem família. São os primeiros dezoito anos de uma vida inteira. Já não posso dizer que a felicidade é uma ilusão. Ela se apresenta inteira para mim, todos dias, todos os dias. Encontrei o meu tesouro e não o deixarei.E eu a conheci no dia de São Sebastião. Obrigado São Sebastião! Obrigado Janine! Você tem todo o meu amor.

          Essas foram as palavras que abriram minha manhã de 20 de janeiro deste ano, dia em que meu marido e eu completamos 18 anos de namoro. Meu marido é um poeta! Bem diferente de mim, pobre mortal, que mal sabe escrever o português corretamente. Ao ler seu texto disse-lhe que, enquanto não houvesse palavras à altura, não lhe responderia. Já se passaram dias e ainda não as encontrei... Não me arriscarei a tentar escrever algo bonito, a beleza nas minhas palavras não vêm do uso certo de regras gramaticais, muito menos da poesia. Não sei escrever. Mas, assim como faço quando me atrevo a cozinhar (outro ato um tanto quanto custoso pra mim), escrevo porque amo, não as palavras, mas a quem as dirijo.
          Conheci o amor da minha vida quando tinha apenas 13 anos. Antes mesmo de conhecê-lo eu já participava ativamente das atividades pastorais da Igreja, cantava em Grupo de Oração, em ‘Evangelizashows’, em retiros, já rezava meu terço diariamente, já fazia jejuns e abstinências, já lia a Palavra e fazia a ‘Bíblia no meu dia-a-dia’. Lembro-me com bastante clareza de, em uma noite, enquanto rezava o terço, pedir a Nossa Senhora que me trouxesse um namorado que fosse temente a Deus, que me amasse de verdade, que fosse o melhor pai que os meus filhos poderiam ter. Como uma mãe zelosa, ela não tardou em atender meu pedido. Poucos meses depois um rapaz lindo, de uma família de bem, que servia ao Senhor (apesar de, na época, ele ainda não estar convertido), que ia frequentemente à missa, que tinha pais zelosos e que eram exemplos de fé, entrou no Grupo Santa Cecília (ministério de música onde eu servia). Pois bem, preciso dizer mais alguma coisa? Meu pedido estava sendo atendido! A partir daí comecei a pedir à Mãe que ele começasse a sentir por mim o mesmo que eu estava sentindo por ele. Apesar da diferença de idade, ele com 20 e eu com 13 anos, apesar de ser uma criança ainda e ele já um rapaz formado, ele se interessou por mim. Até hoje me pergunto o que eu tinha de tão atrativo naquela época. Tenho a certeza de que não era minha beleza nem minha ‘linda voz’, pois tanto uma quanto a outra eram bem características de criança entrando na adolescência. Mesmo tentando esconder meus olhares direcionados a ele, os seus olhos me elegeram.
          A partir daí começamos uma linda história de amor. Tropeçamos, caímos, levantamos, nos perdoamos, nos amamos... Desde sempre fomos companheiros e amigos: “meu melhor amigo é o meu amor”! Passamos por muitos momentos, como Sérgio mesmo disse em seu texto. Assim como ele, posso afirmar: Foi você, Sérgio, quem me fez ser a mulher que sou hoje. Você me fez crescer... Crescer na vida, crescer na fé. Tudo que sou hoje tem o seu dedo, o seu olhar, o seu carinho, a sua paciência, o seu cuidado, o seu jeito... Já vivi muito mais com você do que sem você. Você é meu porto-seguro, minha referência, meu professor, meu amigo, meu confidente. Como não amar um homem como você? Te admiro na sua dedicação ao Senhor, no seu empenho na busca da santidade, na sua reponsabilidade no trabalho, na sua honestidade, na sua fidelidade. Você é um ótimo marido porque é um ótimo filho e, mais ainda, um pai maravilhoso. Um homem que não se cansa de amar, de se doar a nós e por nós.
          Meus pais me deram a vida e você me deu o maior presente que alguém poderia me dar depois disso: a maternidade. Depois que me tornei mãe me conheci de uma maneira que nem eu mesma sabia que eu era. Com essa descoberta, nem sempre agradável, você mais uma vez me ajudou a crescer, a ser melhor para as crianças, a realizar na vida da nossa família tudo o que o Senhor deseja para nós. Tenho orgulho em olhar para Clara e João e perceber seus lindos traços neles. E não somente os físicos, mas a personalidade. João é sua miniatura! Como ele é lindo! Clara é minha ‘mini-mim’, tanto nos sentimentos, quanto nos dramas homéricos, mas ainda assim é sua carinha que vejo quando olho nos olhos dela.
          Obrigada, dona Angela e Sr. Carlos, pelo filho maravilhoso que vocês educaram com tanto amor e dedicação. Obrigada, pai, por usar da desculpa de pegar goiabas para, enquanto Sérgio estava ainda lá em cima da goiabeira, autorizar nosso namoro (desse momento eu só soube anos depois). Agradeço a todos os ‘Araújo’ e ‘de Souza’ por me acolherem como da família. Agradeço aos nossos irmãos de caminhada que sempre estiveram conosco durante todo esse tempo, intercedendo e torcendo por nós.
          Obrigada, Senhor, por ouvir a intercessão de Vossa Mãe e providenciar para mim o melhor homem que eu poderia ter na minha vida!
          Obrigada, Sérgio, por se deixar encantar pelo olhar de uma menina que, hoje mulher feita, não sabe fazer outra coisa senão te amar.

Acampamento de Músicos na Canção Nova em 1996,
quando Sérgio se converteu

Volte Logo, Quinininha!

Ah, Quinininha, Quinininha,
Se eu soubesse uma toada triste,
Um acorde absorto,
Eu mandaria tocar.
O sino da Igreja,
Eu mandaria tocar.

Ah, Quinininha da roupa branca
Listrada de vermelho,
Tão feinha caindo da bicicleta
Escolhida entre todas as bonecas.
Volte logo, volte para casa.

Já é tarde, Quinininha, volte logo
Que a menina desconsolada
Entre as bonecas de pilha
E aquelas de vozes eletrônicas,
Te espera, te espera.

Que tu és a escolhida
E só tu sabes os segredos
Do corações de menina.

Que os braços da menina
(e de todas as meninas!)
Te esperam,
Para te apertar contra o peito
E sentir a fundura de seus amores,
Seus amores de mãe-ainda-filha,
Quando você voltar.



Cantagalo, 27 de janeiro de 2013, quando Quinininha caiu da bicicleta e nunca mais voltou.
Texto escrito por Sérgio, 'avô' da Quinininha

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Desapega, desapega!

Quem tem filhos sabe o quanto os brinquedos se multiplicam pela casa. No meu caso, houve época em que tinha, em todos os cômodos da casa, uma gaveta, uma sacola, uma caixa cheia deles. Como sou daquelas que adora uma faxina em roupas ou objetos não usados (estando velhos ou novos) não faço diferente com os brinquedos.

Até pouco tempo fazia isso sozinha e a escolha sobre o que dar ou o que ficar era de minha responsabilidade. Agora que as crianças já estão maiores eles participam e têm voz de peso na decisão.

Escolho duas épocas do ano para o "desapega" dos brinquedos: após o dia das crianças, que é alguns meses depois do aniversário de Clara, e após o aniversário de João, que é logo após o Natal. Assim, além de substituirmos os antigos pelos novos, temos a chance de demonstrar às crianças que 'de graça recebemos, de graça devemos dar'.

Essa semana fizemos uma limpa e conseguimos esvaziar um baú inteirinho de brinquedos.



O lindo disso tudo é ver Clara (que já tem mais consciência das coisas) perguntando ao irmão: "João você vai dar esse carrinho pra algum menino que não pode ter um desses?" E ouvi-lo responder com sorriso no rosto: "Pode sim!"

Graças a Deus, essa não é uma tarefa difícil pra eles. Às vezes preciso até intervir e dizer: "Esse ainda não, precisamos valorizar as coisas que ganhamos com tanto carinho!", porque, acho eu, dariam tudo pelos que não tem, o que alegra imensamente o meu coração!

Ainda temos muito mais do que necessitamos e peço ao Senhor que dê aos meus filhos esse coração disposto em doar, não somente suas coisas, mas também suas vidas pelos outros.

domingo, 12 de janeiro de 2014

Papa incentiva mães a amamentarem seus bebês durante a Missa



O Papa Francisco incentivou, este domingo, as mães a alimentarem os filhos durante a cerimônia de batismo de 32 crianças, na Capela Sistina, em Roma.

«Hoje o coro vai cantar, mas o coro mais belo é aquele das crianças, algumas delas quererão chorar porque têm fome ou porque não estão confortáveis. Estejam à vontade mamães, se elas tiverem fome deem-lhes de comer, porque elas são as pessoas mais importantes aqui», disse, durante a homilia.

Entre as crianças batizadas este domingo pelo Papa, estão o filho de uma mulher solteira e a filha de um casal casado apenas civilmente.

Os batismos coletivos no Vaticano são uma tradição no Vaticano e são geralmente organizados na Capela Sistina para os filhos dos empregados locais. Este ano o Papa Francisco fez questão de receber outros bebês.

Assistam a reportagem no link aqui

sábado, 11 de janeiro de 2014

Para que eles cresçam

Gosto muito de conhecer histórias de outras mães com seus filhos e, quando encontro uma que acho que tem 'cara' de Mãe Humana, acabo não resistindo em pedir autorização para publicar aqui no nosso cantinho.
Sou fã da Camila Abadie por vários motivos, e esse último post publicado em seu blog me emocionou, apesar da simplicidade do cotidiano (se bem que vejo mesmo muito mais beleza na rotina que passa desapercebida do que em eventos extraordinários).
Reproduzo aqui mais um dia na casa dos Abadie. Espero que vocês conheçam seu blog e o acompanhem com frequência, vale muito a pena!
 
Hoje foi um dia de pequenas grandes conquistas.
Há tempos Chloe vem demonstrando ainda mais vontade de ajudar nas tarefas de casa e de aprender coisas novas, especialmente cozinhar. Durante toda a semana ela espontaneamente tem lavado a louça do almoço, uma tarefa extra além da arrumação obrigatória do próprio quarto. Hoje, no entanto, como havia tempo, resolvi deixá-la participar um pouco mais dos afazeres culinários e deixei que preparasse sozinha um ovo mexido com queijo que virou um dos acompanhamentos do seu almoço.

Foi com alegria que a vi preparando toda a simples receita com cuidado e felicidade. Na hora de comer o resultado não foi tão ao seu agrado quanto a preparação, de modo que mais ou menos metade do ovo ficou para a mamãe, mas tudo bem. Um passo a mais no caminho da autonomia e da autoconfiança.

À tardinha, outra conquista: Benjamin finalmente conseguiu fazer xixi sem a fralda. Reproduzo aqui o post que fiz lá no facebook:

- Mãe, minha "biga" tá cheia! - Então faz xixi, Bibi. - Não consigo! - Imagina que tu ainda está de fraldinha. - Mas eu não tô! - Pensa, imagina a fraldinha... 3 segundos depois: xiiiiii... E um rostinho iluminado de alegria por conseguir fazer xixi como o papai. \o/
Por último, na hora da janta, resolvi "liberar geral" e deixar o menino comer totalmente sem o meu auxílio e supervisão. Não foi uma decisão tomada voluntariamente, mas eu não queria deixar o Nathaniel chorando enquanto dava de comer ao Bibi. Assim, babeiro posto, prato preparado, deixei-o, pela primeira vez, totalmente sem ajuda. E qual foi a minha surpresa ao constatar que ele deu conta do recado muitíssimo bem, obrigada! Por ser um menino extremamente meticuloso, não deixou que mais de dois grãozinhos caíssem do prato, a cada colherada organizando o montinho de comida.
Agora, diante da tela do computador, chego à mesma conclusão a que cheguei outras vezes, em outras ocasiões, e parafraseio João Batista: é necessário que eles cresçam e eu diminua. Sim. Para que as crianças se desenvolvam é preciso que as deixemos um pouco por conta própria e que nos retraiamos outro pouco, tirando o time de campo e confiando em Deus e na própria natureza para que novas habilidades sejam desenvolvidas e novos patamares sejam atingidos. E como é gratificante ver que, naqueles aspectos em jogo, o cuidado e o preparo até então vigentes estabeleceram uma base sólida a partir da qual a criança pode ir - e de fato vai - mais longe!

Por outro lado, parece-me que muitas vezes o excesso de zelo materno e paterno é na verdade insegurança: um medo de não saber o que fazer se a situação não sair conforme o esperado. E com isso quem mais sai perdendo é a própria criança, que é dificultada em seu crescimento por conta de pais superprotetores.

Sim, sim, tudo isso por causa de um ovo mexido, um xixi no penico e uma janta com as próprias mãos, mas quem de nós pôde dar-se ao luxo de pular tais etapas? ;)

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

tempo x culpa x missão

meu marido pregando com os filhos às barras da calça


Depois do Vaticano II, quando as portas da Igreja se escancararam para o protagonismo dos leigos e suas famílias na evangelização do mundo moderno inseridos em sua escola, trabalho e lazer, o dilema de que tempo consagrar a Deus e que tempo dedicar ao trabalho, à família e ao lazer começou a ser fonte de todo tipo de culpa.
Se o trabalho se torna mais exigente e me rouba algumas “horas extra”, culpo-me por não estar com meus filhos ou não estar no meu ministério. Já imagino as crianças traumatizadas, nas drogas, grudadas nos games ou na TV, futuros adultos medíocres e inseguros a arrastar-se indiferentes pelo mundo. E o culpado? A culpada? Eu, é claro!
Se é o apostolado que me arranca de casa em finais de semana de eventos em noites de serviço, já vejo meus pimpolhos a odiar a Deus, a ter ciúmes dele, revoltados contra este ladrão de pais e mães. Imagino-os mudando de religião, resistentes à fé, refratários à verdade. A culpa, naturalmente, é minha.
A culpa me engasga quando estou de saída e as crianças se grudam em minhas pernas com seu choro ora chantagista, ora desesperado. Tira meu sono quando, ao chegar, vejo todos dormindo. Tira meu sossego quando constato que ninguém responde ao meu animado “Oi pessoal!”, grudados que estão na TV que tanto condeno, dentro e fora de casa.
Quando meu pouco tempo deve-se ao excesso de trabalho ou estudo (sim, também o estudo pode ser excessivo!), a culpa é minorada pela estóica desculpa: “Estou-me esforçando para dar-lhes o melhor!” Mas quando meu pouco tempo deve-se ao apostolado, não encontro nenhuma desculpa-clichê que se adeque. Resultado: caio mais facilmente na culpa e, lançando mão de um mecanismo de defesa, acuso a Igreja, o movimento, a comunidade, o padre, o coordenador.
Madre Teresa de Calcutá, com a simplicidade dos santos, resolveu facilmente este problema com a seguinte fórmula, que costumava recomendar aos seus“colaboradores leigos”: “Se você quer servir os pobres, se quer trabalhar em minha obra, retire para os meus pobres e doentes do seu próprio tempo e não do tempo dos seus filhos”.
Não é espantosamente simples e prático? Não é sumamente libertador de todas as culpas? Por uma questão de justiça, há um tempo para tudo, como ensina Eclesiastes 3. Há um tempo para mim, há um tempo para meu cônjuge, há um tempo para meus filhos. Em qual categoria se encaixa o trabalho, o estudo, o cabeleireiro, a TV, a happy hour com os colegas de trabalho? Em qual categoria se encaixa o ouvir, o dar atenção, o partilhar, o planejar, o sonhar junto? Qual a categoria do rir, do brincar, do sarar o dodói, de corrigir e orientar?
Fácil responder. É daí, do tempo legitimamente separado para você que você deve tirar para seu ministério. Como no serviço à família não tem patrão nem relógio de ponto, nossa tendência é “roubar” o tempo dela. No entanto, o tempo dedicado ao apostolado, ao ministério, não pode ser tempo roubado. Deve, necessariamente, ser tempo doado. Tempo que eu tiro daquele a que tenho direito e livremente dou para o serviço aos outros.
Há também o tempo que livremente minha família decide doar para o serviço ao outro. Lembro-me de quando o meu caçula tinha cerca de cinco anos. Ao rezarmos o terço em família, a irmã ofereceu o mistério “para a viagem da mamãe amanhã, que ela faça uma boa pregação”. A reação do menor foi imediata. Recusou-se terminantemente a rezar aquele mistério porque não queria que a mamãe viajasse mais uma vez.
Foi então que eu – e Deus – recebemos um dos maiores presentes de nosso trabalho juntos. Com muita calma, meu marido foi claro: “Deus chamou a mamãe para esta missão e nós queremos que ela a cumpra. A parte dela é pregar. A nossa parte é rezar por ela e ficar alegres em casa sabendo que a estamos repartindo com Deus para fazer outras pessoas felizes.”
Estava resolvido o problema. Extinta a culpa, solucionado o dilema. Minha família, nos mistérios seguintes do terço, já não era mais a mesma. Não havia mais divisão de quem fica e quem vai. Todos iriam, cada um a seu modo. Haviam entendido que a família inteira é chamada a evangelizar, cada um ao seu modo, no seu ministério, como diz São Paulo em I Cor 12. Naquela noite, havíamos nos tornado, verdadeiramente, uma igreja doméstica, sonho do VaticanoII, orientação de João Paulo II, esperança da Igreja.
Ao longo de minha caminhada de 30 anos, tenho entendido que há um só amor, uma só missão, um só tempo. O amor a Deus não compete com o amor ao cônjuge e aos filhos que, por sua vez, não compete com o amor àqueles que meu ministério atinge. É um só amor que se manifesta de várias formas, conforme a legítima necessidade de cada um, cuja satisfação me pede um serviço a que se chama ministério ou exercício de um carisma.
Casar-se, como bem diz São Paulo, é um carisma. O exercício deste carisma, selado pelo sacramento, é um ministério que se exerce no serviço amoroso aos filhos e ao cônjuge. Este carisma e ministério convive em harmonia e jamais compete com outros serviços e ministérios que Deus deu a mim como pessoa e à minha família como Igreja Doméstica. Pelo contrário, são complementares e alimentam-se mutuamente.
Assim como há um só amor, também há um só tempo: tempo de amar a Deus, como explica Santa Teresinha. O tempo dividido me esquarteja. Unificado, me unifica e unifica minha missão que é uma só: amar a Deus e ao meu irmão segundo a Sua vontade, lembrado que meu irmão se chama marido, filha, filho, genro, nora, pai, mãe, sogro, sogra, cunhados e vizinhos, colegas de trabalho e porteiro. Lembrada, igualmente, que ele se chama ouvinte de uma pregação, leitor de um artigo, espectador de um dvd, ouvinte da rádio, formando, pessoa necessitada de oração, enfermo, pobre, pessoa que me bate à porta, pessoa que nunca ouviu falar o nome de Jesus.
Há um só amor, um só tempo, uma só missão, uma só família, uma só Igreja. Quando entendermos isso, saberemos discernir qual é o tempo que nos pertence e do qual podemos dispor para doar com gratuidade e alegria. Saberemos também como motivar nossos filhos e cônjuges para dizerem “sim” à mesma missão e à mesma Igreja, ao mesmo Deus. 
Maria Emmir Nogueira
cofundadora da Comunidade Católica Shalom

Apenas noites de mamãe e bebê, que um dia passam, como tudo na vida



Querida mamãe,

Esta noite acordei estranhando o silêncio. Não havia barulho algum e pensei que o mundo tinha até acabado e você esquecido de mim. Coloquei a boca no trombone e você apareceu. Ainda bem. Fiquei tão feliz no calor do seu peito que acabei pegando no sono antes de mamar tudo o que precisava. Quando percebi que você ia me colocar no berço, chorei de novo. Mas não tente negar, você estava com pressa para ir dormir outra vez.

Você me deu de mamar novamente, assim, meio apressadinha e depois resolveu trocar a minha fralda. Estava tudo calmo, um silêncio, nós dois juntinhos, tão legal que eu perdi o sono. Você até que foi compreensiva, mas começou a bocejar um pouco e resolveu me fazer dormir. Eu não queria dormir. Talvez precisasse de mais dez minutos ou meia hora, mas você estava mesmo decidida a dormir. Foi ficando bem nervosa e até chamou o papai. Eu não queria o papai e todos fomos ficando muito irritados.

No final das contas, acordei a casa inteira cinco vezes. Pela manhã, nossa família estava com cara de quem saiu do baile. Acho que estraguei tudo. Imagina, você que chegou a dizer para o papai que eu estou com problema de sono. Eu não! Você é que vem me dar de mamar com pressa e daí eu sinto que você não quer ficar mais comigo.

Os adultos têm hora certa para tudo, mas eu ainda não entendi essas coisas de relógio e tarefas estafantes que vocês precisam fazer. Quando meu corpo está com o seu, quero ficar do seu lado sem me separar nunquinha. Do alto dos meus 3 meses, ainda não descobri direito que você é uma pessoa e eu sou outra. Um dia eu vou sair por aí, vou telefonar e posso deixá-la doida para saber o que anda fazendo e, então, você vai entender como me sinto agora. Mas não precisamos dessa guerra, mamãe.

Até lá, já podemos nos entender, inclusive através das palavras. Sinto a agústia da separação, pois acabei de passar por essa experiência. Você também, mas vive tudo isso como uma adulra consciente. Eu ainda estou vivendo no inconsciente. Eu não sei andam tudo é tão novo pra mim aqui fora. Mas eu tenho absoluta certeza de que vou aprender tudinho o que você me ensinar através dos seus sentimentos em relação a mim.

Mamãe, você quer um conselho de bebê? Quando eu chorar à noite, não salte logo para o meu quarto desesperada, como se o mundo fosse acabar.

Espere um pouco, respire profundamente, ouça o meu choro até que ele atinja o seu coração. Sinta seu tempo, realmente acorde e venha me pegar. Me abrace devagar, não acenda a luz, fale bem baixinho e me dê o seu peito para eu mamar. Depois que eu arrotar, mais um pouco só de paciência, pois, nós bebês, somos sensíveis aos sentimentos dos adultos. Se eu sentir que você está com pressa, sou capaz de armar o maior barraco, mas se você esperar até o meu segundo suspiro, quando meus olhos ficam bem fechados, minhas mãos e pernas bem molenguinhas, aí sim você pode me colocar no berço que eu não acordo antes de sentir fome outra vez. À medida que você desenvolver sua paciência, mamãe, eu estarei desenvolvendo minha tranquilidade e nós não teremos mais noites desagradáveis. Apenas noites de mamãe e bebê, que um dia passam, como tudo na vida.

Sempre seu, gu-gu dá-dá!

(Texto 
de Claudia Rodrigues autora do livro "Mamães mais que Perfeitas", distribuído no Curso de Gestantes da Maternidade Nossa Senhora de Fátima, Curitiba, PR)