terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Carta aberta

Hoje é dia de São Sebastião. Há dezoito anos atrás encontrei aquela por quem meu coração bate. Não há como não dizer que foi ela que me ensinou a ser o homem que sou hoje. Ao seu lado aprendi a rezar, a perdoar, a pedir desculpas, a chorar na frente de uma mulher, a me sacrificar. Com ela vivi os momentos mais difíceis da vida e aqueles em que a felicidade era tão indizível que transbordava silenciosa. Ela me deu tudo o que tenho e deu a si mesma. E deu sentido à minha vida. E me deu família. Me deu lar, me deu casa. Me deu um lar onde pudesse retornar todos os dias: seus braços. Chegar em casa é chegar em seus braços.Ela me fez sentir o carinho e o amor que nenhum outro homem no mundo sentiu. Me fez ficar perplexo diante do mistério de uma mulher. Me fez ficar dias e noites tentando compreender o que se passava em sua cabeça. Me fez tentar montar o quebra-cabeças indecifrável que é um homem se esforçar para entender uma mulher. E me faz aceitar que jamais a compreenderei por inteiro e que basta saber que o seu amor é garantido para sempre. Ela me deu filhos. E esse é um capítulo maior de nossa história. Depois dos filhos nada mais seria como antes. A Janine mãe, foi outro ser que emergiu da profundidade da dor e da alegria secreta de ser mãe. E é uma mãe como poucas, mãe como o mundo parece começar a se esquecer que existe. Mãe das entranhas. Daquelas que sangram e dão o que não têm porque sabem que a graça de ser mãe de verdade só pode vir do Céu para aquelas que já esgotaram suas forças na terra.Ela me deu filhos que o tempo todo testemunham que jamais ficaremos distantes um do outro nesse mundo. Meu deu João, me deu Clara. Me deu uma família para que o suor, o sangue e a lágrima de cada dia tivessem sentido. Nenhum segundo de dor é vão para quem tem família. São os primeiros dezoito anos de uma vida inteira. Já não posso dizer que a felicidade é uma ilusão. Ela se apresenta inteira para mim, todos dias, todos os dias. Encontrei o meu tesouro e não o deixarei.E eu a conheci no dia de São Sebastião. Obrigado São Sebastião! Obrigado Janine! Você tem todo o meu amor.

          Essas foram as palavras que abriram minha manhã de 20 de janeiro deste ano, dia em que meu marido e eu completamos 18 anos de namoro. Meu marido é um poeta! Bem diferente de mim, pobre mortal, que mal sabe escrever o português corretamente. Ao ler seu texto disse-lhe que, enquanto não houvesse palavras à altura, não lhe responderia. Já se passaram dias e ainda não as encontrei... Não me arriscarei a tentar escrever algo bonito, a beleza nas minhas palavras não vêm do uso certo de regras gramaticais, muito menos da poesia. Não sei escrever. Mas, assim como faço quando me atrevo a cozinhar (outro ato um tanto quanto custoso pra mim), escrevo porque amo, não as palavras, mas a quem as dirijo.
          Conheci o amor da minha vida quando tinha apenas 13 anos. Antes mesmo de conhecê-lo eu já participava ativamente das atividades pastorais da Igreja, cantava em Grupo de Oração, em ‘Evangelizashows’, em retiros, já rezava meu terço diariamente, já fazia jejuns e abstinências, já lia a Palavra e fazia a ‘Bíblia no meu dia-a-dia’. Lembro-me com bastante clareza de, em uma noite, enquanto rezava o terço, pedir a Nossa Senhora que me trouxesse um namorado que fosse temente a Deus, que me amasse de verdade, que fosse o melhor pai que os meus filhos poderiam ter. Como uma mãe zelosa, ela não tardou em atender meu pedido. Poucos meses depois um rapaz lindo, de uma família de bem, que servia ao Senhor (apesar de, na época, ele ainda não estar convertido), que ia frequentemente à missa, que tinha pais zelosos e que eram exemplos de fé, entrou no Grupo Santa Cecília (ministério de música onde eu servia). Pois bem, preciso dizer mais alguma coisa? Meu pedido estava sendo atendido! A partir daí comecei a pedir à Mãe que ele começasse a sentir por mim o mesmo que eu estava sentindo por ele. Apesar da diferença de idade, ele com 20 e eu com 13 anos, apesar de ser uma criança ainda e ele já um rapaz formado, ele se interessou por mim. Até hoje me pergunto o que eu tinha de tão atrativo naquela época. Tenho a certeza de que não era minha beleza nem minha ‘linda voz’, pois tanto uma quanto a outra eram bem características de criança entrando na adolescência. Mesmo tentando esconder meus olhares direcionados a ele, os seus olhos me elegeram.
          A partir daí começamos uma linda história de amor. Tropeçamos, caímos, levantamos, nos perdoamos, nos amamos... Desde sempre fomos companheiros e amigos: “meu melhor amigo é o meu amor”! Passamos por muitos momentos, como Sérgio mesmo disse em seu texto. Assim como ele, posso afirmar: Foi você, Sérgio, quem me fez ser a mulher que sou hoje. Você me fez crescer... Crescer na vida, crescer na fé. Tudo que sou hoje tem o seu dedo, o seu olhar, o seu carinho, a sua paciência, o seu cuidado, o seu jeito... Já vivi muito mais com você do que sem você. Você é meu porto-seguro, minha referência, meu professor, meu amigo, meu confidente. Como não amar um homem como você? Te admiro na sua dedicação ao Senhor, no seu empenho na busca da santidade, na sua reponsabilidade no trabalho, na sua honestidade, na sua fidelidade. Você é um ótimo marido porque é um ótimo filho e, mais ainda, um pai maravilhoso. Um homem que não se cansa de amar, de se doar a nós e por nós.
          Meus pais me deram a vida e você me deu o maior presente que alguém poderia me dar depois disso: a maternidade. Depois que me tornei mãe me conheci de uma maneira que nem eu mesma sabia que eu era. Com essa descoberta, nem sempre agradável, você mais uma vez me ajudou a crescer, a ser melhor para as crianças, a realizar na vida da nossa família tudo o que o Senhor deseja para nós. Tenho orgulho em olhar para Clara e João e perceber seus lindos traços neles. E não somente os físicos, mas a personalidade. João é sua miniatura! Como ele é lindo! Clara é minha ‘mini-mim’, tanto nos sentimentos, quanto nos dramas homéricos, mas ainda assim é sua carinha que vejo quando olho nos olhos dela.
          Obrigada, dona Angela e Sr. Carlos, pelo filho maravilhoso que vocês educaram com tanto amor e dedicação. Obrigada, pai, por usar da desculpa de pegar goiabas para, enquanto Sérgio estava ainda lá em cima da goiabeira, autorizar nosso namoro (desse momento eu só soube anos depois). Agradeço a todos os ‘Araújo’ e ‘de Souza’ por me acolherem como da família. Agradeço aos nossos irmãos de caminhada que sempre estiveram conosco durante todo esse tempo, intercedendo e torcendo por nós.
          Obrigada, Senhor, por ouvir a intercessão de Vossa Mãe e providenciar para mim o melhor homem que eu poderia ter na minha vida!
          Obrigada, Sérgio, por se deixar encantar pelo olhar de uma menina que, hoje mulher feita, não sabe fazer outra coisa senão te amar.

Acampamento de Músicos na Canção Nova em 1996,
quando Sérgio se converteu

2 comentários:

  1. Que história mais linda! Sou ainda mais fã!
    Que Deus abençoe, ainda mais, a família de vocês!

    ResponderExcluir

O que você achou desse post? Deixe seu comentário ;-)