terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Família: Dom de Deus

          Esse não é o meu primeiro blog, já tive outros: o "Contagem Regressiva" que assinava com Sérgio, onde falávamos dos momentos pré-casório e depois o "Há Oceanos" que roubei dele, já que ele não postava e eu me aproveitei disso. Nesse último confesso que também quase não escrevi, mas há um post que é especial pra mim, por isso resolvi colocá-lo aqui também. Ei-lo:

Aniversário da mamãe - 1990


A vida passa... O tempo passa... De repente nos damos conta de como deixamos passar coisas, momentos, pessoas sem que nos “aproveitássemos” (se me entendem) ao máximo delas. Como somos egoístas e mesquinhos! Nossa! Quantas vezes só pensamos nas nossas dores de cabeça, nossos problemas, nosso trabalho, nossas contas e falta de grana para pagá-las. Somos praticamente obrigados a sermos individualistas, ou porque achamos que somos nós mesmos que devemos dar conta da nossa própria vida, sem reparti-la com quem está próximo a nós, ou porque não confiamos no outro, ou porque temos medo de nos decepcionarmos, ou porque, simplesmente, preferimos dar uma de super-heróis.
Mas, acredito, que o pior disso tudo é que, enquanto só olhamos para o nosso umbigo, nos esquecemos de olhar as dores e necessidades de quem mais está próximo a nós (muito menos as de quem está distante!).
Hoje minha mãe precisou ser levada mais uma vez ao hospital, por conta de sua saúde debilitada. Isso não é novidade, não é a primeira nem a segunda vez, aliás, já nem sei mais quantas dezenas de vezes... Mas hoje foi diferente. Os sintomas nela foram os mesmos, mas em mim não.
Me deu uma tristeza, uma angústia, uma sensação de impotência... Hoje cedo, quando recebi seu telefonema me pedindo, pelo Amor de Deus, pra levá-la ao hospital, porque ela já estava cansada, pude perceber que não era só seu cansaço físico que a incomodava, mas toda essa situação. Mamãe está colhendo tudo que ela plantou em uma vida inteira de fumante. E não somente ela, mas colhemos todos juntos. São frutos duros, amargos, dolorosos. Muito mais a ela que a nós, disso todos sabemos. Mas o que importa é que colhemos juntos. Não por solidariedade, nem por imposição, mas por amor. Afinal, não é para isso que serve a família?
Agora, que sou mãe, percebo o quanto poderia ter sido mais filha. E isso dói muito. O tempo não volta. Não posso mais dormir no aconchego do seu colo. Deixei passar as “dicas” que ela sempre me dava. Meu Deus, quanto arrependimento...
E cabe ressaltar a importância de papai nisso tudo. Um homem de Deus, disposto a tudo pela família, que se doa sempre, mesmo se esquecendo sempre de si mesmo. Um marido exemplar, praticamente um enfermeiro!, cuidando com todo carinho e atenção daquela que ele aceitou e escolheu, para a alegria e a tristeza, na saúde e na doença. Um pai carinhoso e presente, um avô brincalhão e muito, muito amoroso. Não sei como seria sem ele...
Hoje, mamãe precisa muito mais de mim, do que eu dela. Engraçado como que, com o tempo, os papéis se invertem, né... Me cobro muito não poder estar sempre tão presente quanto gostaria.
Mas, voltando ao começo, apesar de sermos levados a agirmos sempre de maneira tão egocêntrica, tenho uma família que é o oposto. Cada um cuida mais do outro do que de si mesmo. E é isso que nos une. Mamãe à beira do fogão preparando o jantar, papai esperando pra contar uma novidade cheio de entusiasmo, meu irmão tão querido, vai ser sempre meu caçulinha.
Amo vocês, minha família! Amo, amo, amo... Com menos palavras do que gostaria, mas com muitos gestos, simples e ordinários.
E, como se não bastasse toda essa maravilha, Deus me dá Sérgio e Clara(*). Meus amores. Minha vida. Meu porto-seguro. Onde posso ser quem eu sou (e olha que não sou fácil!), e ainda assim, ser muito amada e acolhida.
Meu Deus, como posso não agradecer? Como posso não me emocionar? Como posso, tantas vezes, me deixar levar pela tristeza? Me perdoe, meu Deus, me perdoe.
 (*) Texto escrito em 05/06/2010, ainda não estava grávida de João.

2 comentários:

  1. Muito lindo! Me emocionei e confesso que até chorei.

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    Respostas
    1. Obrigada, Mara!
      Eu tb choro até hj cada vez que leio...
      Bjs

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