sexta-feira, 30 de março de 2012

"Estas Mãos Inquietas"



Estas Mãos Inquietas
Servir foi teu destino.
Se descobres uma pequena mancha,
ou um botão ausente,
logo te levantas,
com tuas mãos inquietas,
disposta a servir.
Serviste longamente.
Teu destino foi servir.
Queres limpar os sapatos,
queres costurar as roupas,
queres lavar o que está sujo,
as meias,
os corações.
Caminhas pelo mundo como um anjo.
Nasceste para ajudar.
Com que delicadeza,
com que pressa,
te levantas e te debruças,
ó infatigável enfermeira,
ó ser misericordioso e humilde.
És tão prestativa,
tão solícita,
tão serena em meio a todos os pesares,
tão fiel a ti mesma, a teu destino.
Tens o gosto do próximo,
do pobre,
do sofrimento que ninguém viu
e tu vês, tu descobres,
ó humana criatura.
Como um anjo serviste.
Insaciável, tu prossegues.
Tens a vocação do serviço –
- a pequena mancha,
o botão caído,
o sapato a engraxar ou a limpar,
a cotidiana tarefa, que ninguém percebe,
tu cumpres tudo isso,
como um ritual secreto,
que é a vida de tua vida,
a essência de ti mesma,
a verdade do teu destino,
leve,
gracioso,
………..verdade nítida. 
(Antônio Carlos Vilaça, Poema inédito, 11-09-1968)

                    Obrigada, Sérgio, meu amado, pelo carinho sempre... Você tem o poder de me surpreender a cada dia com seus gestos e palavras (ditas e escritas). Te amo!!!

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