quarta-feira, 2 de novembro de 2011

A vida e a morte... como lidar com elas?

  Um texto para refletirmos no dia de hoje:



“Recentemente, um amigo contou-me uma história sobre a conversa de uma menina e um menino, gêmeos, ainda no útero. A irmã disse ao irmão:
- Acho que há vida depois do nascimento.
Ao que o irmão protestou veementemente:
- Não,  não, isto é tudo o que existe, um lugar escuro e aconchegante. Não temos nada a fazer senão nos agarrarmos ao cordão que nos traz alimento.
A garotinha insistiu:
- Deve haver algo mais além deste lugar escuro. Tem de haver outra coisa, um lugar iluminado, onde haja liberdade de movimento.
Ainda assim, ela não conseguiu convencer o irmão gêmeo. Depois de um momento de silêncio, ela replicou, hesitante:
- Quero dizer outra coisa e temos que você não acredite, mas acho que existe uma mãe.
O irmão ficou furioso e gritou:
- Uma mãe! Do que você está falando! Nunca vi uma, nem você. Quem pôs essa idéia na sua cabeça? Eu já lhe disse, este lugar é tudo o que possuímos. Por que está querendo mais? Afinal, não é um lugar tão ruim assim. Temos tudo de que precisamos, então nos contentemos.
A irmã sentiu-se esmagada pela resposta do irmão e durante alguns minutos não ousou dizer uma palavra sequer. Mas não podia abandonar suas idéias e, já que não tinha ninguém com quem conversar, além do irmão gêmeo, disse, por fim:
- Você não sente de vez em quando esses apertos ? São bastante desagradáveis e, às vezes, até dolorosos.
- É verdade – ele respondeu. – E o que há de especial nisso?
- Bem – disse a irmã. – Acho que esses apertos existem porque estão nos preparando para outro lugar, muito mais bonito que este, onde veremos nossa mãe face a face. Não acha isso emocionante?
O irmão não respondeu. Estava farto daquela conversa tola e julgou que a melhor coisa a fazer era simplesmente desconsiderá-la e esperar que a irmã o deixasse em paz.

Essa história nos ajuda a pensar em nossa morte de uma nova maneira. Podemos viver como se esta vida fosse tudo o que temos e a morte fosse absurda, como se fosse melhor não tocar nesse assunto. Ou podemos reclamar nossa infância divina e acreditar que a morte é a passagem dolorosa, porém abençoada que nos colocará face a face com o nosso Deus.”

Texto retirado do blog O Camponês
Fonte:  Henri Nouwen,  Nossa Maior Dádiva – meditação sobre o morrer e o cuidar. Edições Loyola, 1994. PP. 31-32.

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