sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

A Mãe Humana no Abraço Eterno de Deus

Como vocês podem perceber, há mais de seis meses não publico uma só letra no blog.
Nesse tempo muita coisa aconteceu, mas o que me levou realmente a perder as palavras foi a perda da minha mãe.
Mamãe se foi no dia 29 de maio deste ano, de uma maneira muito rápida (apesar dos longos anos de limitação por conta da DPOC). Não esperávamos! Fomos pegos de surpresa! Passei a noite no hospital com ela e cheguei a ter a ilusão de que logo voltaria pra casa. Em pouco mais de 30 horas a contar da sua internação ela foi se 'apagando' até que o cansaço acumulado de tanto tempo de luta a venceu.
Nunca senti uma dor assim! Perdi o chão, perdi o ar, perdi Deus de vista... Senti verdadeiramente o "abraço esmagante" de Deus, Sua "ausência torturante", uma "dor incomparável, consolo inestimável"... E, por um instante, cheguei a pensar a não voltar a abrir os olhos. Nesse dia completavam-se 11 meses que a vovó tinha falecido (você pode ler sobre esse dia aqui) e uma ferida ainda maior se abriu no meu peito.
Mamãe foi enterrada no dia em que ela e papai completariam 33 anos de casamento e, no dia seguinte, 31 de maio, eu completei 32 anos de vida.
Não conhecemos os planos de Deus, mas alguns meses antes de mamãe falecer, consegui fechar a compra da casa que minha avó morou durante muitos e muitos anos, desde a infância da minha mãe e dos meus tios. Essa casa fica a poucos metros da casa da mamãe. Enfim eu poderia fazer-lhe companhia, estar mais presente, deixar as crianças curtirem mais a vovó. E marcamos a mudança justamente para o dia 31 de maio; seria o meu presente de aniversário.
Quando recebi a notícia de sua morte, no hospital, eu só conseguia pensar: "Agora não! Agora eu vou cuidar mais dela! Logo agora que consegui vir pra mais perto?! Por que??? Por que???" E, mesmo com o coração em frangalhos, mesmo sem esperança, mesmo com toda dor - que chegava a ser física - fizemos a mudança.
O tempo foi passando... O Senhor foi me consolando através do amor do meu pai, do meu irmão, do meu marido, dos meus filhos, da minha família, dos meus amigos...
Pude viver, mais intensamente esse consolo de Deus no último fim de semana em um retiro espiritual. Deixei casa, marido e filhos pra trás por três dias e fui para o Congresso das Novas Comunidades da minha Diocese. Justamente nesse fim de semana em que mamãe estava completando 6 meses em que foi ao encontro do Pai.
A mamãe já não podia frequentar a Santa Missa há algum tempo por conta do transtorno em carregar cilindros de oxigênio que nem sempre duravam a Celebração inteira, mas recebia semanalmente a Eucaristia em casa. Engraçado como que, mesmo assim, sempre é na Celebração Eucarística que mais sinto falta da sua presença; penso que essa seja a Comunhão dos Santos. Pois bem, durante a minha ação de graças, na missa de abertura, enquanto sentia sua falta e a saudade invadia meu coração, pude ouvir claramente o Senhor me dizer: "Alegra-te, ela está comigo!" O meu coração se acalmou e os meus olhos não conseguiam segurar tantas lágrimas. O purgatório passou. Quem sou eu pra conhecer os mistérios de Deus? Mas, naquele instante, eu tive a certeza de que ela estava lá, à minha espera e, enquanto esse dia não chega, continua intercedendo e zelando por mim, sua filha, e por nossa família.

Creio no Espírito Santo,

na Santa Igreja Católica,

na comunhão dos Santos,

na remissão dos pecados,

na ressurreição da carne,

na vida eterna.

Amém.

Missa de abertura do IV CDNC

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